quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Manuel Bandeira

Retrato



(para Drummond)


O sorriso escasso,
o riso-sorriso,
a risada nunca.
(Como quem consigo
traz o sentimento 
do madrasto mundo.)

Com os braços colados 
ao longo do corpo,
vai pela cidade
grande e cafajeste,
com o mesmo ar esquivo
que escolheu nascendo
na esquiva Itabira.

Aprendeu com ela
os olhos metálicos
com que vê as coisas:
sem ódio, sem ênfase,
às vezes com náuseas.

Ferro de Itabira,
em cujos recessos
um vedor, um dia,
um vedor - o neto - 
descobriu infante
as fundas nascentes,
o veio, o remanso
da escusa ternura.
(Manuel Bandeira)

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Carlos Drummond de Andrade

Mesmo sendo um tanto longo, compartilho hoje meu poema predileto de Carlos Drummond de Andrade que estaria completando 110 anos. É uma obra-prima. Como gosto de dizer diante de tudo que me encanta: SUBLIME!!!
Este poema foi feito para seu pai, já falecido na época, quando este estaria completando 90 anos e publicado em 1951. O poeta imagina como seria a grande festa com todos reunidos para homenageá-lo. Ele descreve a família, mãe, irmãos e irmãs.
Coloquei em negrito a sua própria descrição, quando mais uma vez ele se diz “gauche”.
Marquei em vermelho, os versos em que fala de sua filha Maria Julieta. Creio que são os elogios mais lindos que uma filha já ouviu de um pai.

Você também poderá ouvi-lo no vídeo que está no final da postagem e se deliciar.    



A MESA

E não gostavas de festa. . .

Ó velho, que festa grande
hoje te faria a gente.
E teus filhos que não bebem
e o que gosta de beber,
em torno da mesa larga,
largavam as tristes dietas,
esqueciam seus tricotes,
e tudo era farra honesta
acabando em confidência.

Ai, velho, ouvirias coisas

de arrepiar teus noventa.
E daí, não te assustávamos,
porque, com riso na boca,
e a média galinha, o vinho
português de boa pinta,
e mais o que alguém faria
de mil coisas naturais
e fartamente poria
em mil terrinas da China,
já logo te insinuávamos
que era tudo brincadeira.

Pois sim. Teu olho cansado,

mas afeito a ler no campo
uma lonjura de léguas,
e na lonjura uma rês
perdida no azul azul,
entrava-nos alma adentro
e via essa lama podre
e com pesar nos fitava
e com ira amaldiçoava
e com doçura perdoava
(perdoar é rito de pais,
quando não seja de amantes).
E, pois, tudo nos perdoando,
por dentro te regalavas
de ter filhos assim. . . Puxa,
grandessíssimos safados,
me saíram bem melhor
que as encomendas. De resto,
filho de peixe. . . Calavas,
com agudo sobrecenho
interrogavas em ti
uma lembrança saudosa
e não de todo remota
e rindo por dentro e vendo
que lançaras uma ponte
dos passos loucos do avô
à incontinência dos netos,
sabendo que toda carne
aspira à degradação,
mas numa via de fogo
e sob um arco sexual,
tossias. Hem, nem, meninos,
não sejam bobos. Meninos?
Uns marmanjos cinqüentões,
calvos, vívidos, usados,
mas resguardando no peito
essa alvura de garoto,
essa fuga para o mato,
essa gula defendida
e o desejo muito simples
de pedir à mãe que cosa,
mais do que nossa camisa,
nossa alma frouxa, rasgada. . .

Ai, grande jantar mineiro

que seria esse. . . Comíamos,
e comer abria fome,
e comida era pretexto.
E nem mesmo precisávamos
ter apetite, que as coisas
deixavam-se espostejar,
e amanhã é que eram elas.
Nunca desdenhe o tutu.
Vá lá mais um torresminho.
E quanto ao peru? Farofa
há de ser acompanhada
de uma boa cachacínha,
não desfazendo em cerveja,
essa grande camarada.
ind’outro dia. . . Comer
guarda tamanha importância
que só o prato revele
o melhor, o mais humano
dos seres em sua treva?
Beber é pois tão sagrado
que só bebido meu mano
me desata seu queixume,
abrindo-me sua palma?
Sorver, papar: que comida
mais cheirosa, mais profunda
no seu tronco luso-árabe,
que a todos nos une em um
que a todos nos une em um
tal centímano glutão,
parlapatão e bonzão!

E nem falta a irmã que foi

mais cedo que os outros e era
rosa de nome e nascera
em dia tal como o de hoje
para enfeitar tua data.
Seu nome sabe a camélia,
e sendo uma rosa-amélia,
flor muito mais delicada
que qualquer das rosas-rosa,
viveu bem mais do que o nome,
porém no íntimo claustrava
a rosa esparsa. A teu lado,
vê: recobrou-se-lhe o viço.

Aqui sentou-se o mais velho.

Tipo do manso, do sonso,
não servia para padre,
amava casos bandalhos;
depois o tempo fez dele
o que faz de qualquer um;
e à medida que envelhece,
vai estranhamente sendo
retraio teu sem ser tu,
de sorte que se o diviso
de repente, sem anúncio,
és tu que me reapareces
noutro velho de sessenta.

Este outro aqui é doutor,

o bacharel da família,
mas suas letras mais doutas
são as escritas no sangue,
ou sobre a casca das árvores.
Sabe o nome da florzinha
e não esquece o da fruta
mais rara que se prepara
num casamento genético,
Mora nele a nostalgia,
citadino, do ar agreste,
e, camponês, do letrado.
Então vira patriarca.

Mais adiante vês aquele

que de ti herdou a, dura
vontade, o duro estoicismo.
Mas, não quis te repetir.
Achou não valer a pena
reproduzir sobre a terra
o que a terra engolirá.
Amou. E ama. E amará.
Só não quer que seu amor
seja uma prisão de dois,
um contrato, entre bocejos
e quatro pés de chinelo.
Feroz a um breve contato,
à segunda vista, seco,
à terceira vista, lhano,
dir-se-ia que ele tem medo
de ser, fatalmente, humano.
Dir-se-ia que ele tem raiva,
mas que mel transcende a raiva,
e que sábios, ardilosos
recursos de se enganar
quanto a si mesmo: exercita
uma força que não sabe
chamar-se, apenas, bondade.
Esta calou-se. Não quis
manter com palavras novas
o colóquio subterrâneo
que num sussurro percorre
a gente mais desatada.
Calou-se, não te aborreças,
Se tanto assim a querias,
algo nela ainda te quer,
à maneira atravessada
que é própria de nosso jeito.
(Não ser feliz tudo explica.)
Bem sei como são penosos
esses lances de família,
e discutir neste instante
seria matar a festa,
matando-te — não se morre
uma só vez, nem de vez.
Restam sempre muitas vidas
para serem consumidas
na razão dos desencontros
de nosso sangue nos corpos
por onde vai dividido.
Ficam sempre muitas mortes
para serem longamente
reencarnadas noutro morto.

Mas estamos todos vivos.

E mais que vivos, alegres.
Estamos todos como éramos
antes de ser, e ninguém
dirá que ficou faltando
algum dos teus. Por exemplo:
ali ao canto da mesa,
não por humilde, talvez
por ser o rei dos vaidosos
e se pelar por incômodas
posições de tipo gaúche,
ali me vês tu. Que tal?
Fica tranquilo: trabalho.
Afinal, a boa  vida
ficou apenas: a vida
(e nem era assim tão boa
e nem se fez muito má).
Pois ele sou eu. Repara:
tenho todos os defeitos
que não farejei em ti
e nem os tenho que tinhas,
quanto mais as qualidades.
Não importa: sou teu filho
com ser uma negativa
maneira de te afirmar.
Lá que brigamos, brigamos,
opa! que não foi brinquedo,
mas os caminhos do amor,
só amor sabe trilhá-los.
Tão ralo prazer te dei,
nenhum, talvez. . . ou senão,
esperança de prazer,
é, pode ser que te desse
a neutra satisfação
de alguém sentir que seu filho,
de tão inútil, seria
sequer um sujeito ruim.
Não sou um sujeito ruim.
Descansa, se o suspeitavas,
mas não sou lá essas coisas.
Alguns afetos recortam
o meu coração chateado.
Se me chateio? demais.
Esse é meu mal. Não herdei
de ti essa balda. Bem,
não me olhes tão longo tempo,
que há muitos a ver ainda.

Há oito. E todos minúsculos,

todos frustrados. Que flora
mais triste fomos achar
para ornamento de mesa!
Qual nada. De tão remotos,
de tão puros e esquecidos
no chão que suga e transforma,
são anjos. Que luminosos!
que raios de amor radiam,
e em meio a vagos cristais,
o cristal deles retine,
reverbera a própria sombra.
São anjos que se dignaram
participar do banquete,
alisar o tamborete,
viver vida de menino.
São anjos. E mal sabias
que um mortal devolve a Deus
algo de sua divina
substância aérea e sensível,
se tem um filho e se o perde.
Conta: quatorze na mesa.
Ou trinta? serão cinquenta,
que sei? se chegam mais outros,
uma carne cada dia
multiplicada, cruzada
a outras carnes de amor.
São cinquenta pecadores,
se pecado é ter nascido
e provar, entre pecados,
os que nos foram legados.

A procissão de teus netos,

alongando-se em bisnetos,
veio pedir tua bênção
e comer de teu jantar.
Repara um pouquinho nesta,
no queixo, no olhar, no gesto,
e na consciência profunda
e na graça menineira,
e dize, depois de tudo,
se não é, entre meus erros,
uma imprevista verdade.
Esta é minha explicação,
meu verso melhor ou único,
meu tudo enchendo meu nada.

Agora a mesa repleta

está maior do que a casa.
Falamos de boca cheia,
xingamo-nos mutuamente,
rimos, ai, de arrebentar,
esquecemos o respeito
terrível, inibidor,
e toda a alegria nossa,
ressecada em tantos negros
bródios comemorativos
(não convém lembrar agora),
os gestos acumulados
de efusão fraterna, atados
(não convém lembrar agora),
as fina-e-meigas palavras
que ditas naquele tempo ,
teriam mudado a vida
(não convém mudar agora),
vem tudo à mesa e se espalha
qual inédita vitualha.

Oh que ceia mais celeste

e que gozo mais do chão!
Quem preparou? que inconteste
vocação de sacrifício
pôs a mesa, teve os filhos?
quem se apagou? quem pagou
a pena deste trabalho?
Quem foi a mão invisível
que traçou este arabesco
de flor em torno ao pudim,
como se traça uma auréola?
quem tem auréola? quem não
a tem, pois que, sendo de ouro,
cuida logo em reparti-la,
e se pensa melhor faz?
quem senta do lado esquerdo,
assim curvada? que branca,
mas que branca mais que branca
tarja de cabelos brancos
retira a cor das laranjas,
anula o pó do café,
cassa o brilho aos serafins?
quem é toda luz e é branca?
Decerto não pressentias
como o branco pode ser
uma tinta mais diversa
da mesma brancura. . . Alvura
elaborada na ausência
de ti, mas ficou perfeita.
concreta, fria, lunar.
Como pode nossa festa
ser de um só que não de dois?
Os dois ora estais reunidos
numa aliança bem maior
que o simples elo da terra.
Estais juntos nesta mesa
de madeira mais de lei
que qualquer lei da república.
Estais acima de nós,
acima deste jantar
para o qual vos convocamos
por muito — enfim — vos querermos
e, amando, nos iludirmos
junto da mesa
vazia.


Persona - Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de Outubro de 1902 – Rio de Janeiro, 17 de Agosto de 1987) 

“E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé.”
(Carlos Drummond de Andrade em “Infância”)

terça-feira, 30 de outubro de 2012

De onde vem? - Viu (ver) passarinho verde

Viu (ver) passarinho verde

Certamente todos nós já ouvimos, ao menos uma vez na vida, alguém perguntar:
_ Viu um passarinho verde?
Mas o que significa e como surgiu essa expressão?
A expressão é empregada para aqueles que, sem motivo aparente, demonstram muita alegria.
E que passarinho é este?
O passarinho em questão é um psitacídeo, nome esquisito para uma espécie de periquito verde.
Existem duas explicações para esta expressão usada quando percebemos que alguém tem uma grande felicidade estampada na cara. Ambas as explicações estão ligadas ao amor.
De acordo com o folclorista Luís da Câmara Cascudo, no livro Locuções Tradicionais no Brasil, a tal ave era muito usada para levar no bico mensagens de amor trocadas entre casais apaixonados. Conta-se que alguns românticos, adestravam o periquito verde, para que ele levasse em seu bico uma carta de amor para a namorada. Logo, a pretendida, ao ver o passarinho verde, sabia que receberia uma mensagem do seu amado. O pássaro servia para burlar a vigilância dos severos pais da pretendida, que desfilava depois pela casa com aquela cara feliz de quem viu passarinho verde...
Há também uma lenda do século XIX narrando que, naquela época, era moda as mocinhas terem como animal de estimação um periquito e ficarem na janela olhando a passagem dos transeuntes.
Quando uma delas se simpatizava com um jovem e ele a convidava para se encontrarem às escondidas, o sinal para o encontro dar certo ou não era o seguinte: quando rapaz passasse em frente à casa dela, se ela estivesse com o periquito na janela era sinal de que o encontro iria dar certo. Caso contrário, não daria.
Quando o rapaz via a moça e seu respectivo periquito, geralmente dava um sorriso e saía todo contente. Diante de tanta alegria as pessoas costumavam comentar:
_Você parece que viu passarinho verde.
Era sinal de um encontro amoroso à vista.
Fonte: Internet

Gostei...- O primeiro presente do "No rastro da memória"!!!

O primeiro presente do "No rastro da memória"!!!
   


Hoje  tive  a grata surpresa  de ser presenteada pela amiga  Marisa Domingos Giglio do blog Eu, Marisa com o Selo/Prêmio Dardos.


 Informações sobre o SELO/PRÊMIO  

O Prêmio Dardos foi criado pelo escritor espanhol Alberto Zambade.    
No ano de 2008 concedeu no seu blog Legendas de "EL Pequeño Dardo" o primeiro Prêmio Dardos a quinze blogs selecionados por ele. Ao divulgar o prêmio, Zambade solicitou aos blogs premiados que também indicassem outros blogs ou sites considerados merecedores do prêmio. Assim a Premiação se espalhou pela Internet.

Cada ganhador do selo deve continuar a fazer premiação (se quiser, é claro) aos blogs que por ele considerar merecedores, seguindo as regras a pedido do criador do selo:

1. Exibir a imagem do selo em seu blog.
2. Linkar o blog pelo qual recebeu a indicação.
3. Escolher outros quinze blogs a quem entregar o prêmio dardos.
4. Avisar os escolhidos.


 MEUS  PRESENTEADOS :

Beijos

Nidia

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Ninguém vive sem um pouco de poesia - Marina Colasanti

Hoje a poesia é em forma de prosa numa linda crônica.

Encântico


"Estou de partida. Breve, me mudarei para a curva do teu braço. 
Busco a terra sem vento, a mansa terra do teu peito. E a batida surda e quente do magma mais profundo, para embalar o meu sono. Busco a tranquilidade da enseada. Já conheci as águas que é preciso saber. Fui bem além das colunas de Hércules e há muito descobri que por mais longe o mar, jamais despenca. Sereia, lancei meu canto por entre espumas, encantei marinheiros. E eu própria naveguei, seguindo as estrelas do céu, contando as estrelas do mar, até chegar a portos dos quais nem suspeitava a existência.
Agora é tempo de lançar as tranças na água e deixar que se enlacem nos rochedos, ancorando-me ao meu destino. Escolho o teu lado esquerdo, onde me beija o sol poente. E espero que a tua mão direita amaine as minhas selas. Assim, acima do teu coração, encosto a cabeça. E pequena como um grão, deito raízes. Aprenderei a conhecer-te através da planta dos meus pés, como o cego sabe onde pisa, como o índio conhece a trilha? Se for mansa, a maré das colinas, terei certeza de que dormes, ou pensas em silêncio. Se, de repente, meu solo se encrespar, tangido por um vento só teu, será o frio que te toca. O medo, saberei no tremor subterrâneo. E quando o suor correr farto, enchendo rios sem peixes, ameaçando me levar, será tempo de calor, será o verão cantando na tua pele. 
Aprenderei a tatear-te com as mãos, a procurar meus caminhos nos valões dos músculos. Fluirei devagar, dormirei nas axilas. Não preciso de casa. Não preciso de abrigo. A terra da tua carne é quente e nada me ameaça. Posso deitar-me nua, dormir tranquila, ou ficar acordada, olhando para o alto. O céu é calmo, as nuvens passam, indo a outros lugares. Nenhuma traz a chuva, ou a tempestade. Não preciso de pente, não preciso de panos. O orvalho da tua pele me banha de manhã e a tua respiração arruma os meus cabelos. Só quero um cavalo. Galoparei com ele as dunas do teu corpo, descerei pelos braços, avançarei pelas mãos, arriscando-me à queda nos penhascos dos dedos. Explorarei o teu ventre, matarei a minha sede no poço do teu umbigo. E, armada de desejo, penetrarei na selva dos teus pelos, emaranhada e perfumada noite, delta dos sumos, labirinto que imperioso, me chama e suave, me perde. Só depois, percorridas as pernas, visitados os pés, voltarei corpo acima, ventre, peito, subindo em peregrinação até o pescoço, repousando no vale da omoplata.
Talvez leve um cantil para a dura escalada do teu queixo. Subirei com cuidado, usando como apoio os fios de barba, procurando a caverna das orelhas para repouso e abrigo. Barulho não farei, prometo. Nada que te perturbe. Talvez no dia seguinte, ou mais ainda, passando-se outro dia na difícil subida, eu procure chegar até teus olhos. Se estiverem fechados, sentarei com paciência, esperando o milagre da íris descoberta nascer do olho que se renova a cada despertar, astro de luz, surgindo sob o horizonte da pálpebra. Se estiverem abertos, sentarei à beira deste lago, fonte, olho d'água, encantada com a dança dos reflexos, ilusórios peixes, deslizando suas sombras sob um fundo sem algas. E haverá um momento em que, vencendo o medo, mergulharei na transparência, para nadar em direção ao redemoinho negro da pupila. A aresta do nariz é perigosa. Eu bem conheço a sua linha sinuosa, sua falsa maciez sobre o duro arcabouço. Não convém que a acompanhe. Seguirei pelo lado, encostando-me às arestas, esgueirando-me para não ser tragada. Não tentarei desvendar o mistério do sopro. À boca, chegarei com respeito. Virei pelo canto, descendo ao lábio inferior, o mais carnudo. Avançarei deitada, rastejando-me de leve na pele úmida, até chegar à borda. E me debruçarei sobre as palavras. Breve me mudo para a curva do teu braço. Não saberei mais de você do que já sei. Nem você saberá mais de mim. Mas talvez assim perto, encostada na raiz do teu ser, eu possa me esquecer de onde começo e me esquecer em ti na minha entrega."
(Marina Colasanti)


Persona - Darcy Ribeiro

Darcy Ribeiro (Montes Claros, 26 de Outubro de 1922 – Brasília, 17 de Fevereiro de 1997)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Na vitrola aqui de casa - Barulho

Dica de leitura - Livros gratuitos


Ler para uma criança é um gesto simples e muito importante. Por meio dele, contribuímos para a educação, a cultura e o lazer das crianças e ajudamos a mudar para melhor o futuro do Brasil.
Mais uma vez o Itaú está distribuindo livros infantis de forma gratuita. Para recebê-los basta entrar no site  http://itau.com.br/itaucrianca/ e fazer o cadastro.
Já participei da promoção em anos anteriores e atesto que os livros são interessantes e de ótima qualidade.

Não percam esta oportunidade!!!

domingo, 21 de outubro de 2012

Na vitrola aqui de casa - Tears and rain

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Adélia Prado

A postulante

Deus tem todo o poder,

até o de,  por um dia inteiro,  me escutar chorando
sem me infligir castigo. 
Tenho natureza triste, 
comi sal de lágrimas no leite de minha mãe.
O vazio me chama,  os ermos, 
tudo que tenha olhos órfãos. 
Antes do baile já vejo os bailarinos
chegando em casa com os sapatos na mão.
O jantar é bom,  mas eructar é triste
quase ímpoetizável. 
Deveras,  não hás de banir-me do ofício do Teu louvor,
se até uns passarinhos cantam triste.

(Adélia Prado)

sábado, 20 de outubro de 2012

Serviço - Horário de verão começa à meia-noite de sábado

Horário de verão começa à meia-noite de sábado

O horário de verão começa à meia-noite do próximo sábado, quando os relógios deverão ser adiantados em uma hora, e termina no dia 17 de fevereiro de 2013. A medida é adotada sempre nesta época do ano, quando os dias são mais longos por causa da posição da Terra em relação ao Sol, e a luminosidade natural pode ser mais bem aproveitada.
Neste ano, o estado do Tocantins adotará o horário de verão pela primeira vez. A Bahia, que aderiu ao sistema no ano passado, vai ficar de fora. 


Clique na imagem para vê-la em tamanho maior

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Santa Rita é notícia - Tecnologia para o bem

Tecnologia para o bem

Feira tecnológica de escola mineira aposta em projetos para ajudar portadores de necessidades especiais. Além de inclusão social, a iniciativa promove o pensamento empreendedor em sala de aula.


Os óculos-mouse que permitem mover o curso do computador com movimentos da cabeça e dos olhos é um dos exemplos de tecnologia assistiva criada por estudantes de ensino médio e expostas na Projete. (foto: Sofia Moutinho)

Criar tecnologias que ajudem as pessoas a viver melhor. Este é o lema dos estudantes do ensino médio da Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa, em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais. Todos os anos eles participam da Projete, uma feira de tecnologia organizada no pátio da escola com projetos que têm ganhado reconhecimento.
Ano passado, um invento apresentado na Projete – um equipamento para ajudar na locomoção de deficientes visuais – conquistou o primeiro lugar em uma das feiras de ciências mais famosas do país, a Feira Brasileira de Ciências e engenharia da Universidade de São Paulo (Febrace).
Este ano, por três dias, 192 equipes de alunos do primeiro ao terceiro ano técnico e convencional expuseram seus inventos para um entusiasmado público de 3 mil visitantes diários composto de parentes, professores, amigos e curiosos da pequena cidade de 40 mil habitantes.
A maioria dos inventos tinha por objetivo facilitar o cotidiano de pessoas portadoras de necessidades especiais ou baratear tecnologias já existentes. Essas duas metas estavam por trás do projeto da equipe de Walef Carvalho, do 2º ano. O adolescente e seus colegas criaram uma espécie de cadeira de rodas, mais barata que as opções no mercado, que possibilita a tetraplégicos e paraplégicos se locomover de pé.
A motivação para o projeto surgiu da história familiar do aluno. “Meu pai sofreu um acidente na coluna há seis anos ao pular na piscina e ficou tetraplégico”, conta. “A fase de recuperação foi difícil. Hoje, ele já anda com andador e dirige carro adaptado, mas eu quis fazer isso por ele e pelos colegas dele com o mesmo problema.”
Para desenvolver a ideia, Carvalho teve o apoio de uma fisioterapeuta da região, Claudia Garcez, do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). A profissional trabalha com pessoas que sofreram lesões na medula e não podem andar e explicou ao estudante a importância da posição em pé para esses pacientes. “Quando você coloca o paciente em pé ele ganha em vários aspectos”, conta Garcez. “Um deles é que sentado na cadeira de rodas os seus órgãos ficam comprimidos.”
Também nessa linha é o projeto de Guilherme Ribeiro Barbosa e José Vitor Santos Resende, do 2º ano. Quando buscavam uma ideia para a feira, conheceram Antonio, um senhor de 59 anos que sofre de mal de Parkinson e por isso tem dificuldades para andar.
Os dois amigos assistiram às sessões de fisioterapia de Antonio e viram que ele tinha mais facilidade para caminhar com o uso de pegadas coladas no chão que lhe serviam como guia.
Com essa informação, criaram um dispositivo simples, de apenas R$ 90, composto de um cinto com dois lasers apontados para o chão que se intercalam à medida que o usuário caminha. A luz dos lasers serve de orientação para o paciente saber onde deve pisar. “Não podíamos espalhar pegadas pela cidade inteira, então criamos esse equipamento que permite que o seu Antonio possa andar com mais autonomia”, diz Barbosa. 

Veja vídeo em que Barbosa e Carvalho apresentam seus projetos

Além da escola

Todos os alunos recebem um certificado da escola e os projetos eleitos pelo público e pelos professores ganham troféus de criatividade e inovação. A cada ano, quatro projetos são escolhidos para concorrer na Febrace.
Além de criar os protótipos, os alunos precisam registrar todo o processo de criação em ‘diários de bordo’ que, ao final da feira, são avaliados pelos professores. Esse documento faz parte de uma iniciativa do colégio para instigar o empreendedorismo nos alunos.
“É uma oportunidade de os alunos aprenderem metodologia científica e também desenvolverem um plano de negócios”, conta o diretor geral da escola Alexandre Barbosa. “A feira já completa 32 anos e a gente observa que muitos protótipos viraram produtos nas mãos dos nossos alunos e empresários.”

Confira, no vídeo, outros projetos apresentados na feira tecnológica
 (Fonte: Sofia Moutinho - http://cienciahoje.uol.com.br/ em 18/10/2012)
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