terça-feira, 8 de junho de 2010

Na vitrola aqui de casa - Lígia (Nídia)

Lígia (1972)

Aqui em casa, essa música, tem uma história. Um antigo namorado meu, hoje meu marido, encomendou uma música em minha homenagem para o Tom e o Chico, meus compositores preferidos. Foram os dois para a casa do Tom.
_Chico, eu já tenho uma composição. Basta a gente dar uma arrumadinha.
Tom no piano, com seu charuto e Chico só no cigarrinho. Whisky vai, whisky vem e os dois lá, bebendo e compondo. Tom dedilhando a canção no piano e cantando. Chico só dando uns retoques. Fizeram a letra toda sem tocar em nenhum nome. Eles até confessam: “o seu nome não sei”. Lá pelas tantas, Tom se lembrou que era uma música sob encomenda e resolveram introduzir o nome onde cabia. No final das estrofes, é claro. Bastava apenas esticar um pouquinho a melodia. Aí se deu o grande impasse: naquela altura do campeonato, eles não lembravam do nome, com exatidão. O Chico dizia:
_ Nívia, Lídia. Nídia...
E o Tom colocou no final da primeira estrofe:
_Não, Lígia, Lígia.
Ele bateu o pé, que era Lígia e colocou também nas outras duas estrofes. Agora sem o “não”, já que ele tinha tanta certeza.
E assim ficou sendo.
É claro que meu namorado não pagou nem a música e nem as doses de whisky.

Na verdade, a história é essa:

Existem duas versões de letra para Lígia. As duas são de Tom Jobim, mas a segunda tem alguns toques de Chico Buarque. Chico não quis, entretanto, aparecer como co-autor. Durante o momento político da ditadura militar, a censura mantinha o compositor sob rédeas curtas. E Chico, para poder expressar-se com mais liberdade nas letras que fazia, decidiu assinar suas composições com pseudônimos, como por exemplo Julinho da Adelaide.

2a. versão, com alguns toques de Chico Buarque

Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba
Não vou a Ipanema
Não gosto de chuva
Nem gosto de sol
E quando eu lhe telefonei
Desliguei, foi engano
O seu nome eu não sei
Esqueci no piano
As bobagens de amor
Que eu iria dizer
Não, Ligia, Ligia

Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chope gelado
Em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon
E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão
O seu nome rasguei
Fiz um samba-canção
Das mentiras de amor
Que aprendi com você
Ligia, Ligia

E quando você me envolver
Nos seus braços serenos
Eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo
Que um raio de sol
Ligia, Ligia
(Fonte: http://www2.uol.com.br/tomjobim)

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